A maldição de Arbon. Parte 12

XV.
— Eu quero viver... — Lissa ainda choramingava prostrada. Tífan a olhava perplexo.
O sacerdote esfregou o rosto, estava visivelmente tentando ao máximo se controlar.
— Sugiro, respeitosamente, sacerdote Tífan, que saia e tome um ar antes de se decidir. — recomendou Ari.
Tífan bufou e se afastou. Ficou parado longo tempo na entrada do templo. Os outros aguardavam silenciosos. O menino Kim aproximou-se de Lissa e estendeu-lhe a mão.
— Não tenha medo. Ele vai perdoá-la. Eu também não quero morrer e os sacerdotes sempre disseram que não queriam nos sacrificar, mas que isso era necessário para acalmar a ira dos Kamms, porém, se os Kamms não querem mais nosso sacrifício, nós viveremos. E ninguém pagará por isso. Todos ficarão em paz.
Os olhos de Ari faiscaram. Ele, no entanto, permaneceu em silêncio.
Lissa sorriu para Kim e aceitou a mão que ele estendeu para ajudá-la a se levantar. Ari foi até a porta e parou ao lado do outro; tocando-lhe o ombro, o trouxe de volta para dentro. Contudo, antes que eles se movessem, os elfos escutaram o sussurro de Ari: “Lembre-se. A vontade dos Kamms é a lei”. Quando os dois estavam de volta, Tífan fitou longamente os olhos de Lissa. Ela teve um arrepio, mas ele disse:
— Sendo esta a vontade dos Kamms, não há a que me opor. Você pode voltar à sua vida e a seus afazeres. Não será castigada por sua grave falta, mas deve se recolher e refletir sobre seus erros. O caso não será reportado ao sacerdote-chefe dessa vez.
Ele deu as costas a todos e saiu. Ari recomendou enquanto o outro se afastava:
— Você pode se despedir de seus protetores. De agora em diante, estará sempre segura no mosteiro. Vamos, Kim. Estaremos esperando, Lissa.
Ari também saiu e Kim, hesitante, agradeceu aos elfos com um largo sorriso, depois acompanhou os sacerdotes. Os três tomaram o caminho do pomar e pararam a alguma distância. Assim que eles se afastaram o suficiente, Macus abaixou-se preocupado e, tocando os ombros da menina para que ela o olhasse diretamente, disse:
— Você precisa ter muito cuidado daqui para frente. Não confio em uma só palavra que saia da boca daquele sujeito.
— Ele me perdoou... — disse a menina esperançosa. — Nossa fé está salva.
Macus, incomodado, não conseguiu retrucar para não romper o fio de esperança que ela guardava. Ela então se curvou diante dos elfos e agradeceu-lhes com o olhar tranquilo. Irkan sorriu comovido:
— Fique em paz, criança.
Quando ela começou se afastar, Macus ia chamá-la, mas Irkan o impediu.
— Nós estaremos vigiando. — disse Irkan em voz baixa segurando o braço do outro.


Continua...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Pactos. Entre justos e pecadores. Parte 1

Saga das eras esquecidas completa!

A carta