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"Autorioba", uma historinha

Caros arcairianos,  abro uma pequena janela nas terras de Arcaires para apresentar um singelo continho sobre a vida pregressa da autora ;) A história é verídica, mas foi fantasiada, um pouco porque a memória é falha e um pouco porque, às vezes, a ficção supera a realidade... Espero que curtam essa pausa. E peço que aguardem, pois Os três grandes roubos de Camaleão vêm aí! O conto Há muito tempo, numa terra muito, muito diferente, uma menininha tímida de 8 para 9 anos ouviu a grande notícia de uma professora: a escola iria realizar uma feira de livros e os autores seriam os próprios alunos! O fascinante acontecimento foi revelado enquanto a turma participava de uma aula na pequena biblioteca onde os alunos se sentavam nas mesinhas redondas de cadeirinhas baixas ao lado de quatro ou cinco coleguinhas. Lá tinha cheiro de papel feito de magia e se ouvia histórias, se lia livros e se rabiscava sonhos... Foram várias classes para se colocar o projeto em prática e a menininha tímid...

Os três grandes roubos de Camaleão vem aí!

Em breve o leitor poderá novamente se aventurar por Arcaires no segundo livro da Saga das eras esquecidas e descobrir como se desenvolveram as habilidades do Mestre dos Disfarces, o famoso ladino, e o que ele fez para que sua fama se espalhasse por essa terra mágica. Muito ele viveu e sofreu e muito aprendeu. Além disso, a história revelará como a jornada de Camaleão o conduziu ao envolvimento com Urón Targueshi e como se desenrolou a primeira guerra contra esse Mago das Trevas no continente Impéria. O livro II está no forno! Aguardem... A aventura nunca acaba!

A maldição de Arbon. Parte 21

XXIV. Depois de ajudarem a limpar tudo e a enterrar os corpos, os elfos assistiram à cerimônia de posse de Ari como novo sacerdote-chefe. Ele assumiu com a promessa de rever os costumes e de acabar com os sacrifícios humanos em homenagem aos Kamms. Nomeou Lissa como sua conselheira e prestou uma homenagem ao menino Kim. Nada foi dito sobre Nélius. Ao raiar do terceiro dia, Macus e Irkan recolheram suas coisas e se aprontaram para partir. Despediram-se do novo sacerdote-chefe Ari e Lissa os acompanhou por uma parte do caminho pela Floresta das Feras relutando em dizer adeus. — Vejo que é chegado o momento... — disse a meio-elfa quando os dois se detiveram e puseram-se a olhá-la. — Posso ter alguma esperança de vê-los novamente, nobres senhores? — É pouco provável que isso aconteça, Lissa. — respondeu Irkan — Mas guarde a lembrança e nós faremos o mesmo. — Volte, Lissa. — disse Macus simplesmente — E mantenha-se atenta. Desconfie sempre, todavia nunca perca a esperança. Os ...

A maldição de Arbon. Parte 20

XXIII. Macus e Irkan, juntamente com Ari, aproximaram-se das crianças. Ari tomou o corpo de Kim dos braços de Lissa e constatou sua morte. A menina chorava desconsolada. Já não era mais sentida qualquer friagem no tempo nem se avistava qualquer névoa prateada. — Ele morreu por minha causa. — disse Lissa quando enfim conseguiu falar — Ambos. — acrescentou soluçando. — Ambos fizeram escolhas, Lissa. — disse Irkan abaixando-se ao lado dela e erguendo sua face com um toque suave para que pudesse olhá-lo — Podemos escolher tudo, exceto as consequências de nossos atos. O menino escolheu protegê-la, foi um ato de amor. O sacerdote agiu consciente de seus erros ou cegado pela fé desvairada, de todo modo, causou o mal e isso foi sua ruína. Não se culpe. Ou, se preferir, culpe-se, mas tire disso uma lição positiva e esqueça logo. Não viva com esse peso sobre seus ombros. Dizendo isso, o elfo se afastou, chamando Ari a acompanhá-lo. Macus abaixou-se e ajudou Lissa a se erguer, então a a...

A maldição de Arbon. Parte 19

XXII. O esforço da menina era em vão, pois o pequeno Kim já se fora. Ari, perplexo, e de repente desperto de sua inércia, pôs-se entre Lissa e Nélius ao ver que o sacerdote não contivera seu instinto assassino diante da queda do pequeno e partia para recuperar seu punhal. Nélius tinha o rosto monstruoso que parecia ter perdido toda a humanidade, mas Ari o encarou com determinação, embora estivesse desarmado. Nesse momento, Macus sentiu-se liberto da rigidez que o prendia e, chamando pelo sacerdote-chefe ao mesmo tempo em que sacava sua espada, partiu contra ele. O sacerdote se voltou para o elfo, saltou para longe ganhando distância e começou a falar em uma forma antiga da língua Comum, a qual o outro não compreendia. — Cuidado, Macus! — gritou Irkan que, por sua vez, pôs-se a falar rapidamente em Élfico. Macus não teve tempo de conter seu ataque que já estava a caminho e sua arma chocou-se contra uma invisível barreira protetora diante do sacerdote. O ricochete derrubou a espa...

A maldição de Arbon. Parte 18

XXI. Com um grito, Lissa despertou de seu aparente torpor e viu-se frente a frente com o líder do culto. Ele recolheu a mão que estendera em sua direção e, prudente, aguardou. Uma gélida onda de frio estava entre eles e o ar parecia oferecer resistência até mesmo à respiração, mas o sacerdote não parecia afetado. — Está pronta, Lissa? — disse tenebrosa a voz de Nélius, como se saísse das profundezas de um poço. — Para... para quê, senhor? — gaguejou ela e de sua boca saiu uma névoa fina. — Não há porquê delongar-nos mais nessa questão. — respondeu Nélius — Você pensa que foi escolhida pelos Kamms, eu compreendo. Estes elfos a manipularam e estão fazendo com que sua mente se nuble e abandone os princípios de nossa fé. Você foi de fato escolhida pelos Kamms desde seu nascimento para que cumprisse seus princípios e protegesse o seu povo, oferecendo sua vida quando eles a requisitassem. Ou já se esqueceu de seu juramento? Seus pais se orgulharam de entregá-la. Imagine a vergonha ...

A maldição de Arbon. Parte 17

XX. Ari entrou pela porta da sala de estudos acompanhado por um homem mais velho e elegante. Ele usava uma túnica de seda branca e se envolvia em uma capa de veludo esverdeado. Possuía anéis dourados nos dedos e correntes prateadas ao pescoço. O cabelo era grisalho e bem aparado, o semblante, duro. Com olhos pesados, fitou Lissa demoradamente ao entrar e, então, demorou o olhar também primeiro em Irkan e depois em Macus. Ari parou ao lado dele e disse à Lissa: — O sacerdote Nélius está aqui para ouvi-la. Diga a ele apenas a verdade. — advertiu com uma ligeira ameaça na voz. — Bom... — falou Lissa — Não sei o que o sacerdote Ari já lhe contou, senhor chefe Nélius, então não sei por onde começar... — Comece por esclarecer suas ações na praia. — disse o homem em tom seco. — Naquela noite, — começou a menina escolhendo as palavras — houve um ataque durante o ritual e todas as pessoas se dispersaram porque ficaram com medo. Inclusive o sacerdote Tífan desapareceu. — Não comece...

A maldição de Arbon. Parte 16

XIX. Passando pelo pomar, fizeram, silenciosos, o caminho rumo ao mosteiro. A madrugada fria ia chegando ao fim quando pararam diante do grande portão de ferro que encerrava a muralha circular. Ari se adiantou e, tocando a aldrava, mostrou o próprio rosto diante de uma pequena janela que se abria no portão à meia altura. — Abra. — disse simplesmente quando um guarda abriu a boca confuso para interpelá-lo. O portão rangeu e Ari passou pela abertura. O guarda encarou também a criança com estranheza e fez menção de barrar os demais, mas, a um olhar do sacerdote, ele liberou o caminho. — Devemos avisar o sacerdote-chefe? — perguntou o sujeito inseguro. — Eu mesmo o farei. — respondeu Ari e foi andando. Cruzaram um pátio e os jardins. Por ali havia algumas estátuas que representavam os Kamms da mesma forma que no templo. Macus identificou algumas que já vira antes, outras lhe pareciam inéditas. Não era a estação das flores e o jardim tinha apenas folhagens, todas bem cuidadas....

A maldição de Arbon. Parte 15

XVIII. Lissa começara a retomar seus movimentos e esforçava-se para se sentar. Macus e Irkan sentiram a pressão do ar diminuir e então avançaram. A névoa prateada afastou-se de Lissa, passando sobre as cabeças dos elfos, e rumou para a porta. Todos se voltaram naquela direção e perceberam que ali estava o outro sacerdote. Ari tentava, em vão, se mexer, estava agora paralisado, porém, em seguida, sua cabeça se movia assentindo. Ele assentia desesperadamente. Depois de um tempo, seu corpo pendeu e ele se prostrou ao solo diante da névoa. — Eu juro! — ouviram-no gritar. — Juro! Pelos Kamms e por minha vida! A tensão no ar se prolongou ainda por algum tempo até que, por fim, amenizou. A friagem e o vento cortante se dissiparam juntamente com o desaparecimento da névoa prateada. As velas dos castiçais permaneceram acesas, contudo com sua luminosidade habitual. Ari não ousou se levantar ou sequer se mexer. Irkan o observava. Enquanto isso, Macus foi até a criança e envolveu-a delic...

A maldição de Arbon. Parte 14

XVII. Então, várias coisas sucederam no mesmo instante. À porta do templo, chegaram os elfos Irkan e Macus. Eles haviam corrido e estavam ofegantes. Viram o sacerdote Tífan sobre Lissa, a menina já não resistia e seu corpo pendia rígido sobre o altar. O homem também não se movia, parecia paralisado, a cabeça voltada fixamente para um ponto ao alto. Todas as velas dos castiçais se iluminaram de uma vez e uma claridade ofuscante invadiu todo o lugar. Os elfos tiveram de tapar os olhos. Macus avançou mesmo assim, mas parou ao ouvir um ruído estridente e, em seguida, um baque surdo. Era o corpo de Tífan sendo, primeiro, rasgado por uma corrente de ar muito forte que passou como lâminas afiadas e, depois, atirado ao solo. Com o impacto do choque, logo havia uma poça de sangue ao redor do corpo. Quando a intensidade da luz enfim diminuiu, Macus forçou novamente o avanço, mas sentiu uma barreira de ar obstruindo-o. Na verdade, aquela intensidade lembrava-lhe mais uma energia poderosa do...

A maldição de Arbon. Parte 13

XVI. Ainda naquela noite, um homem arrastava uma criança para fora do mosteiro e seguia fustigando-a em direção ao templo. Ele a apertava junto ao corpo e a fazia andar enquanto tampava sua boca com uma mão e apertava seu pescoço com o braço. Dessa forma os dois chegaram ao templo quase silenciosamente. O homem abriu a porta com cuidado e levou a criança até o altar sem acender nenhuma luz. Jogou-a sobre a mesa e começou a arrancar suas vestes, ainda tapando sua boca. Mesmo no escuro era possível sentir o olhar apavorado da criança e sua respiração ofegante implorava por piedade sob aquela mão dura. O homem também ofegava. Um chicote de tiras de couro estava preso em sua cintura e ele respirava frenético sobre o corpinho da criança no qual passava suas mãos exageradamente enquanto lutava para arrancar o vestidinho branco. A criança se debatia ferozmente, lutando com toda a força que tinha, chutando com as pernas curtas e arranhando com os dedos frágeis. Mas, quanto mais ela resisti...

A maldição de Arbon. Parte 12

XV. — Eu quero viver... — Lissa ainda choramingava prostrada. Tífan a olhava perplexo. O sacerdote esfregou o rosto, estava visivelmente tentando ao máximo se controlar. — Sugiro, respeitosamente, sacerdote Tífan, que saia e tome um ar antes de se decidir. — recomendou Ari. Tífan bufou e se afastou. Ficou parado longo tempo na entrada do templo. Os outros aguardavam silenciosos. O menino Kim aproximou-se de Lissa e estendeu-lhe a mão. — Não tenha medo. Ele vai perdoá-la. Eu também não quero morrer e os sacerdotes sempre disseram que não queriam nos sacrificar, mas que isso era necessário para acalmar a ira dos Kamms, porém, se os Kamms não querem mais nosso sacrifício, nós viveremos. E ninguém pagará por isso. Todos ficarão em paz. Os olhos de Ari faiscaram. Ele, no entanto, permaneceu em silêncio. Lissa sorriu para Kim e aceitou a mão que ele estendeu para ajudá-la a se levantar. Ari foi até a porta e parou ao lado do outro; tocando-lhe o ombro, o trouxe de volta para d...

A maldição de Arbon. Parte 11

XIV. Não era mais possível aos elfos esconderem a criança consagrada, então eles moveram-se levemente, permitindo que os recém-chegados a vissem. Quando todos se voltaram, o menininho estava sacudindo a meio-elfa para despertá-la. Ela continuava chorando de olhos fechados sem se mover ou falar. — Lissa! — gritou novamente o homem da mão ferida, sua voz soava repleta de raiva. A menina despertou assustada e o olhou. O garoto também estava amedrontado. — Sacerdote Tífan. — disse a meio-elfa se recompondo rapidamente. — Agradeço aos Kamms por reencontrá-lo. Sacerdote Ari. — disse ela cumprimentando o outro. — Kim. — ela sorriu para o pequeno companheiro e este relaxou levemente. — Então, Lissa... — disse Tífan — já refletiu sobre seus atos e voltou para receber o seu castigo. Macus apertou os olhos. Ia falar, mas Lissa começou primeiro: — Quanto a isso, senhor, eu pedi o favor dos Kamms... — O quê?! — o sacerdote exclamou surpreso. — Minha amada Kamm da pureza e da vid...

A maldição de Arbon. Parte 10

XIII. Junto com a aurora que incidiu avermelhada sobre o templo, surgiram, à porta, três pessoas, dois adultos e um menino, todos da raça dos homens. Um dos adultos tinha a mão esquerda envolta em faixas e com manchas de sangue. Esse tinha o olhar mais severo. Seu companheiro os encarava apenas com surpresa assim como o menino.   — Quem são vocês e o que fazem aqui? — disparou rispidamente o homem da mão ferida. — Este templo é um local privado? — perguntou Irkan com cautela. — Bom... — o homem tossiu limpando a garganta. — Não. — prosseguiu — Mas é costumeiramente usado pelos sacerdotes e pelas crianças consagradas. — Então felizmente não cometemos nenhum delito. — tornou Irkan fazendo uma ligeira reverência com a cabeça e mantendo o tom amistoso. — E não temos porque desculpar-nos por virmos conhecer o esplendor dos Kamms de Arbon. — falou movendo os braços e estampando uma expressão de profunda admiração. O homem encarou o elfo com os olhos apertados. Enquanto fala...

A maldição de Arbon. Parte 9

XII. Seguiram pela Floresta das Feras durante a fria madrugada e pararam quando Lissa comunicou que não estavam longe do mosteiro. Ela pediu-lhes que a acompanhassem até o templo dos Kamms antes de se dirigir até a casa. Eles passaram a avançar cautelosos e desviaram a rota para alcançarem o templo lateralmente e não se colocarem sob os olhos de possíveis vigias do mosteiro antes de estarem prontos para entrar. As construções eram próximas, mas estavam separadas pelo pomar, o que dava a cobertura das árvores e a distância de uma breve caminhada como salvaguarda. O templo dos Kamms era uma construção de pedra acinzentada e que possuía uma grande porta de marfim entalhada com figuras que lembravam o ciclo da vida. Nos desenhos, havia uma pessoa oferecendo pães e peixes a um grupo de convivas; havia uma jarra de água sendo despejada por outra pessoa, e essa água enchia um rio que corria para o solo; havia, ainda, pessoas arando a terra e outras descansando à sombra de uma árvore, al...