Postagens

Mostrando postagens de 2017

Pé esquerdo

Sei que prometi um blog de fantasia e já faz tempo que não posto nada, mas essa história se impôs, não pediu licença e brotou de mansinho na mente... Espero que gostem. Pé esquerdo Ana ia pela rua mancando. Mancava desde o acidente. Era algo simples, dizia o médico, um pequeno procedimento cirúrgico, depois o gesso e tudo ficaria bom logo. E ficou? Ninguém esperava que esse gesso pudesse deixar seu pé esquerdo ligeiramente torto, mal encaixado no calcanhar. Ela nunca fora assim, era perfeita, como Deus quis. "Podia, doutor?". "Essas coisas acontecem... Agora é se cuidar melhor, se tratar.". E junto com esse comentário o médico entregou o pedido para a fisioterapia. "Procure o posto que eles marcam para você. É só fazer tudo que mandarem e você vai ficar novinha em folha.". Mas ela não esquecia o "Oh! Olha isso!" do sujeito que cortou o gesso depois de um longo período de sofrimento. Aquela tormenta amarrando seu pé, aquela coceira, aqu...

A carta

"A carta" é um conto de minha autoria que foi publicado pela Editora LiteraCidade em 2014. Tenho um carinho particular por esse texto, pois foi ganhador de uma Menção Honrosa em um concurso de contos organizado pela editora que o publicou. Segue a referência do livro onde ele pode ser encontrado: A carta. Prêmio LiteraCidade 2014-Jovem: Contos. 1ed. Belém: Literacidade, 2014, v. 1, p. 30-32. O livro é vendido no site da editora no link: https://www.literabooks.com.br/plc2014-jovem-contos ) Esta história não apresenta relação com o mundo de Arcaries, mas aproveite a leitura enquanto aguarda por mais novidades dessa terra misteriosa. A carta Na cadeira forrada por retalhos de pano cortados em tirinhas coloridas, costuradas caprichosamente por mãos habilidosas em um pano branco que escondia os carcomidos do estofado do assento, estava um corpo jovem de moça, encolhido junto à mesinha de madeira. Um dos braços estirado, inerte, na beira da mesa e o outro largado no...

Relíquia

"Relíquia" é um conto de minha autoria que foi publicado pela Editora LiteraCidade em 2014. Tenho um carinho particular por esse texto, pois foi ganhador do primeiro lugar em um concurso de contos organizado pela editora que o publicou. Segue a referência do livro onde ele pode ser encontrado: Relíquia. Prêmio LiteraCidade 2014-Jovem: Contos. 1ed.Belém: Literacidade, 2014, v. 1, p. 7-9. O livro é vendido no site da editora no link: https://www.literabooks.com.br/plc2014-jovem-contos ) O conto também pode ser encontrado no blog da Editora LiteraCidade nos links: https://premioliteracidade.wordpress.com/2014/02/19/plc-2014-jovem-contos-avulsos/ https://premioliteracidade.wordpress.com/2014/02/19/reliquia-elida-ferreira-martins/ Esta história não apresenta relação com o mundo de Arcaries, mas aproveite a leitura enquanto aguarda por mais novidades dessa terra misteriosa. Relíquia Por um passeio ladrilhado ela caminhava, observando atentamente os desenhos abstr...

Sobre a periodicidade das postagens

Caros arcairianos, preciso deixar um esclarecimento especial quanto à periodicidade das postagens. Para que quem acompanha regularmente o blog possa saber o momento de encontrar novidades por aqui, saibam que minha ideia é postar semanalmente uma história, ou parte dela.  Então, marquem as quartas-feiras em suas agendas e façam uma visitinha para fazer uma leitura. Espero ansiosamente sua presença! Para quem gostou da história do Espartakus, em breve teremos novidades contando a trajetória de outros personagens em Arcaires. Por ora, acompanhem os continhos que virão ao longo das próximas duas semanas, além do de hoje, que foi trabalhado com muito carinho para comover e provocar reflexões... Fiquem de olho nas novidades!

À porta.

"À porta" é um conto de minha autoria que foi publicado pela Faculdade de Letras da UFMG em 2014. Tenho um carinho particular por esse texto, pois foi meu conto de estreia no campo das publicações literárias. Segue a referência do livro onde ele pode ser encontrado: À porta. In: Diretório Acadêmico Carlos Drummond de Andrade. (Org.). II Concurso Literário Travessia. 1ed. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2014, p. 88-90. Esta história não apresenta relação com o mundo de Arcaries, mas aproveite a leitura enquanto aguarda por mais novidades dessa terra misteriosa. À porta Uma jovem mão segurava a maçaneta da porta, frias ambas. O formato elíptico do metal brilhante se emoldurava sob o delicado toque. O dourado se destacava na palidez quase transparente da pele úmida. Dedos longos, trêmulos, faziam uma pressão insignificante e o mecanismo reagia com uma dureza ainda mais gélida, fechado, insensível. Apesar da insignificância do contato, não havia uma só t...

Pactos. Entre justos e pecadores. Parte 5

XXI. Quando Aiorius e Espartakus deixaram o Templo do Único, dois dias depois, o jovem homem não ouvia, nem falava, nem enxergava. Conforme sentenciado, ele fora envolvido pela magia de Dúkar, uma névoa densa e brilhante, que lentamente retirara seus sentidos um a um. A sacerdotisa nada fizera para impedir seu castigo, tampouco o clérigo Aiorius, de Teles. E todos os demais membros do Conselho assistiram ao seu tormento sem nada dizer. Espartakus também nada disse; não se lamentou nem resistiu. Escolheu confiar na palavra do clérigo de Teles, que agora descia as montanhas com ele rumo a Lakar. E embora não pudesse vê-lo ou ouvi-lo, ele sentia-o e algo em seu íntimo lhe assegurava de que ainda estaria com ele por algum tempo. Para surpresa de Aiorius, três dias depois, um guerreiro utilizando uma armadura aproximou-se deles. O sujeito vestia uma cota de malha que lhe cobria até os punhos e caía abaixo da cintura. Usava um elmo metálico que lhe tampava todo o rosto. Uma calça de c...

Pactos. Entre justos e pecadores. Parte 4

XX. O tempo passou, não tendo Espartakus podido calculá-lo, afinal não chegava qualquer raio de sol até aquele abismo sombrio e ele estava muito ansioso e preocupado com seus problemas. De repente, abriram a porta e o chamaram. Conduziram-no até a sala do Conselho, no primeiro andar, na parte frontal da torre. Era um saguão amplo, iluminado por tochas e pela luz do sol. Ali tudo era sóbrio, desde os móveis escuros até a cor das paredes. Não havia decoração além das tochas e castiçais. Cada um dos presentes se sentava diante de uma espécie de púlpito, todos voltados para o mesmo lado, à exceção de um. Este estava à frente de todos e, diante dele, Dúkar se sentava. Agora o chefe se cobria por um aveludado manto escarlate, além de adornar-se com novas joias brilhantes. À esquerda do púlpito principal, havia uma cadeira em um local de piso ligeiramente rebaixado, diante da qual se erguia uma pequena cerca de madeira, à guisa de parapeito. Espartakus foi mandado a este assento e a se...