O inevitável
I. Disseram que eu não era capaz de contar uma história. Disseram que eu não seria capaz sequer de existir. Quando nasci, logo colocaram um toco de pau na minha mão e experimentaram minha força. Era para ver se eu seria capaz de socar o pilão. Pelo menos para isso eu deveria servir. Era costume, na região das geladas terras de Antares, no continente Gaúrus, em Arcaires, determinar o destino de um bebê logo no nascimento. Assim que a indefesa criança vinha ao mundo, os sábios a avaliavam. Procuravam por algum sinal de nascença no rosto, manchas na pele pelo corpo, defeitos em algum dos membros; analisavam o tipo de cabelo e até mesmo a ausência dele; mediam o tamanho da cabeça, das mãos, dos pés; e, inclusive, forçavam os olhos a se abrirem para verificarem sua cor e seu tamanho. Com isso, mesmo na tenra idade, os sábios determinavam se uma criança s...